A
Terapia fotodinâmica baseia-se então na administração tópica ou sistêmica de um
fotossensibilizador (FS) seguida da irradiação em baixas doses com Laser de baixa intensidade. Na presença de oxigênio encontrado nas
células, o FS ativado pode reagir com moléculas na sua vizinhança por
transferência de elétrons ou hidrogênio, levando à produção de radicais livres
(reação do tipo I) ou por transferência de energia ao oxigênio (reação do tipo
II), levando à produção de oxigênio “singlet”.
Aplicação de Terapia Fotodinâmica numa bolsa periodontal: A- Sonda periodontal configurando presença de bolsa periodontal e caracterização da presença de bactérias periodontopatogênicas. B-Aplicação do fotossensibilizador no interior da bolsa periodontal e a absorção do corante pelas bactérias; C- Irradiação com laser de baixa intensidade. Fonte:Editado de www.periowave.com.br
Associando fonte de luz e
agente fotossensibilizante, a terapia fotodinâmica – PDT – é um importante
adjuvante no tratamento das doenças periodontais. A PDT tem poucos efeitos
colaterais e sistêmicos, e aumenta o conforto do paciente, o tempo de
tratamento e o risco de bacteremias. A descontaminação das
superfícies radiculares em procedimentos regenerativos
periodontais sempre foi considerada crítica
pela impossibilidade clínica de ação total e uniforme dos métodos descontaminantes disponíveis. A terapia
fotodinâmica (PDT) é um dos métodos
auxiliares na busca desse objetivo e se
baseia na ativação de um agente fotossensível por meio de uma fonte de luz (em geral umlaser),
com o objetivo de produzir dano
celular (geralmente bactérias e células tumorais). Durante a exposição do corante à luz, são produzidas
moléculas letais à sobrevivência
da célula-alvo em cuja membrana o corante se fixa.
Os corantes mais utilizados em
terapia fotodinâmica antimicrobiana (aPDT)
são os fenotiazínicos, como o azul de metileno e o azul de ortotoluidina, que apresentam boas
propriedades quando associados
a fontes de luz de comprimento de onda de
660 nm (como o laser GaAlAs) e 630 nm (como o laser InGaAIP), respectivamente. Embora os protocolos
de emprego da aPDT sejam muito
variados, aceita-se que seja necessário um
período de pré-irradiação de um a cinco minutos, sendo que os tempos de fotossensibilização podem variar de
dez segundos a cinco minutos.
Foram observados efeitos benéficos da PDT sobre células
do ligamento periodontal, como inibição da produção de
mediadores inflamatórios, favorecimento da quimiotaxia e promoção
da angiogênese, efeitos esses que se contrapõem à suposição de
que haveria eventuais efeitos nocivos celulares após a PDT. Também em
Implantodontia, a aPDT tem encontrado sua aplicação no tratamento da
peri-implantite. O maior desafio presente a todos os procedimentos que
visam recuperar defeitos peri-implantares é a descontaminação da
superfície metálica exposta ao ambiente bucal e ao acúmulo de biofilme,
especialmente nos implantes de superfície rugosa. A aPDT tem sido
amplamente estudada como método descontaminante superficial de implantes,
mas até a atualidade ainda não foi alcançada descontaminação
completa por nenhum protocolo.
Inicialmente desenvolvida apenas com finalidade antineoplásica, a TFD passou
também a ser utilizada como antimicrobiana, em especial frente à patogénos da
cavidade oral. A relevância dessa descoberta está no fato de que estratégias
alternativas de terapêutica antimicrobiana se tornam importantes na evolução
dos métodos de controle de crescimento do biofilme na cavidade oral
A
eliminação de microrganismos da cavidade bucal é fundamental para prevenir o
risco de infecções locais e sistêmicas, e muitas substâncias antimicrobianas
têm mostrado certa eficácia, porém a resistência de algumas bactérias
gram-negativas a determinados medicamentos, mostra a necessidade de métodos
alternativos. Microrganismos tais como bactérias, fungos,
leveduras e vírus também podem ser mortos por luz visível depois de tratamento
com um fotossensibilizador apropriado e luz, em um processo denominado
Inativação Fotodinâmica (“PDI, Photodynamic Inactivation”).
A utilização de
lasers capazes de matar microrganismos patogênicos surge como uma terapia
auxiliar no tratamento odontológico preventivo e restaurador. A ação
antimicrobiana do laser de baixa potência só começou a ser efetivamente estudada
na última década, quando a terapia fotodinâmica inicialmente idealizada para o
tratamento do câncer foi trazida para a odontologia. Enquanto no tratamento do
câncer o alvo da TFD é promover a morte seletiva das células tumorais, no caso
da odontologia surge uma nova perspectiva para a utilização dessa terapia,
tendo como alvo as células bacterianas envolvidas no desenvolvimento das lesões
de cárie e da doença periodontal.
A
doença periodontal é causada por uma série de espécies de bactérias patogênicas
que, junto com uma vasta gama de espécies compatíveis com o hospedeiro, formam
complexos nos biofilmes subgengivais e são responsáveis pela inflamação clínica
e destruição periodontal. Um fotossensibilizador pode ser injetado dentro da
cavidade periodontal, seguido de iluminação com fibra ótica inserida dentro da
área afetada. Essa técnica mantém o efeito bactericida confinado na lesão, de
forma que a microflora benéfica em outros locais da boca pode permanecer
intacta. De forma similar, o mesmo procedimento clínico poderia ser aplicado
nas desinfecções de cáries na superfície dos dentes.
A
doença periodontal tem como fator etiológico os microorganismos do biofilme sub
gengival na superfície dos dentes, e o Actinobacillus actinomycetemcomitans
ocupa um papel importante na ecologia das periodontites localizadas e
generalizadas. A TFD vem se consolidando como alternativa para o uso de
antibióticos, e se apresenta como um método para auxílio dos pacientes
portadores da doença.
O principal objetivo do tratamento periodontal é o
restabelecimento da saúde pela remoção dos depósitos bacterianos e calcificados
presentes na superfície radicular, e seu sucesso depende da eliminação dos
agentes que promovem a destruição dos tecidos. No entanto, a terapia mecânica
não é capaz de eliminar os patógenos periodontais devido à capacidade que
alguns microrganismos apresentam de invadir o interior dos tecidos, muitas
vezes inacessíveis aos instrumentos.